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O Cristianismo

INTRODUÇÃO: Primeiramente quero explicar o significado da palavra gnosticismo.

GNOSE (gr. Gnosis).

1º- Conhecimento especial das verdades espirituais.

2º- Saber por excelência.

3º- Filosofia dos magos.

4º- Alta teologia.

5º- As doutrinas do gnosticismo.

GNOSTICISMO: Movimento sincretista religioso-filosófico da Antigüidade, que pretendia salvar o homem por um conhecimento especial.

Penetrando o cristianismo, absorveu várias de suas doutrinas, rejeitando outras. Constituiu aí diversas seitas heréticas que representaram sérias ameaça á ortodoxia nos séculos II e III.

AGNOÍTA

1º Membro da seita dos agnoítas. Seita Cristã do século IV, que consi-derava a onisciência de Deus limitada ao presente, o conhecimento que ele tem do passado apenas por memória e do futuro por dedução do presente.

2º Seita do século VI, aderentes de Temístio, diácono de Alexandria, que negava a onisciência de Jesus homem. Portanto, agnosticismo: princípios doutrinários dos agnoítas.

1º Qualquer doutrina que afirma a impossibilidade de conhecer a natureza última das coisas.

2º Doutrina que afirma a impossibilidade de conhecer a Deus e a origem última do universo.

3º O que ignora ou aparenta ignorar tudo quanto não cais sob  domínio dos sentidos.

VISÃO GERAL

Na época do nascimento de Jesus, as terras que circundam o Mediterrâneo estavam na posse de Roma. Esses vastos territórios, que abrangiam toda a civilização então conhecida pelo homem comum, eram dominados por um tipo único de cultura.

Em nenhum outro período da história anterior ou posterior se encontra exemplo de predomínio cultural que se possa comparar ao exercido por Roma nessa época.

O cidadão comum do Império Romano não tinha conhecimento algum das civilizações da Índia ou da China. Além de suas fronteiras - pensava ele - só existiam tribos selvagens ou semi-civilizadas.

As fronteiras do Império Romano, portanto, coincidiam com as do mundo civilizado. A lealdade ao único imperador e o sistema militar a ele sujeito eram os fatores que preservavam a unidade.

Embora pequeno, se comparado ao de um estado militar moderno, o exército de Roma era bastante para preservar a paz romana. Sob a égide dessa paz, o comércio prosperava, as comunicações eram facilitadas pelas excelentes estradas e pelo mar, e entre os homens de cultura, ao menos nas cidades maiores, o intercâmbio de idéias era propiciado pela existência de uma língua comum, a saber, o grego.

Apesar dos maus governantes e dos funcionários corruptos, o império assegurava a administração de uma justiça severa sem precedentes no mundo de então. Os  cidadãos orgulhavam-se do império e de suas conquistas.

No entanto, a despeito da unidade, propiciada pela autoridade imperial e pelo controle militar, Roma evitava a supressão das instituições existentes nas diferentes localidades. No geral, os habitantes das províncias governavam-se a si mesmo no que concerne ás questões internas.

Respeitavam-se as práticas religiosas locais. Preservavam-se os costumes e as línguas antigas dos povos das províncias.

Tal como nos estados nativos existentes dentro do âmbito dos impérios modernos, concedia-se aos governantes locais um domínio limitado em certas porções do império. É o caso da Palestina na época do nascimento de Jesus.

Muito do sucesso de Roma, na dominação de população tão diversas e a ela sujeitas, se deve á consideração com que tratava os direitos e preconceitos locais.

A diversidade existente dentro dos limites do império era, assim, tão notável quanto a sua unidade. Mais do que em qualquer outro, no âmbito das idéias religiosas essa variedade saltava aos olhos.

O cristianismo não veio a ocupar um vácuo. Na época do seu surgimento, pululavam na mente dos homens concepções várias do universo, da religião, do pecado e da recompensa e punição.

O cristianismo tinha de defrontar-se com elas e procurar ajustar-se. Não se tratava, portanto, de semear em solo virgem.

As concepções já existentes forneciam muito do material a ser usado nas concepções já existentes forneciam muito do material a ser usado na conformação da sua estrutura. Muitas dessas idéias feneceram e desapareceram do mundo moderno.

O fato de ter havido essa mescla deve levar o estudioso a distinguir os elementos permanentes dos transitórios no pensamento cristão, apesar da extrema dificuldade implícita nesse processo, e da diversidade das soluções propostas pelos vários eruditos.

Certos fatores presentes ao ambiente intelectual em que se inseriu o cristianismo provêm das religiões antigas universais e remontam a datas antiqüíssimas.

Com exceção de uns povos representantes do pensamento filosófico mais requintado, todos criam na existência de um poder - ou de poderes - invisível, sobre-humano e eterno, que controlava o destino e devia ser adorado, ou aplacado por meio de orações, atos rituais, ou sacrifícios.

A Terra era considerada o centro do universo. Ao redor dela o Sol, os planetas e as estrelas seguiam o seu curso.

Acima dela, o céu; abaixo, a morada dos espíritos já mortos ou dos maus. Na mente popular não havia a noção do que hoje se denomina lei natural.

Tudo o que acontecia na natureza era obra dos poderes invisíveis do bem e do mal, que governavam o mundo arbitrariamente.

Os milagres, por conseguinte, eram considerados, não simplesmente possíveis, mas coisa esperada, quando as forças superiores desejassem gravar, na sensibilidade do homem, a impressão de algo importante ou fora do comum.

O mundo era considerado habitação de inúmeros espíritos bons e maus, que influíam em todas as facetas da vida humana e, de tal forma se apossavam dos homens, que passam a controlar suas ações, para o bem ou para o mal.

Grande parte da humanidade caracterizava-se por um profundo sentido de indignidade, ou de insatisfação de sentimento religioso eram indícios da necessidade de estabelecer melhores relações com o espiritual e o invisível, e da ânsia generalizada por um socorro maior que o que os homens podiam prestar uns aos outros.

Além desses conceitos gerais comuns á religião popular, o mundo a que se dirigiu o cristianismo devia muito á influência específica do pensamento grego. As idéias helênicas dominavam a inteligência do Império Romano, mas sua influência estendia-se tão somente ás camadas mais cultas da população.

A reflexão filosófica dos gregos ocupou-se inicialmente com a explicação do universo físico. Porém, com Heráclito de Éfeso (cerca de 490 a C.), embora tudo seja ainda considerado, em certo sentido, físico, o universo, que está num contínuo fluir, passa a ser considerado como formado por elemento ígneo, a razão que penetra em todas as coisas, da qual a alma do homem é parte.

Aí está, provavelmente, ainda que em germe, o conceito de LOGOS, de grande importância no pensamento grego subseqüente e na teologia cristã. No entanto, não se fazia distinção entre esse elemento que dá forma ás coisas, e o calor ou fogo naturais.

Anaxágoras de Atenas (cerca de 500-428 a.C.) ensinava que uma mente (nous) modeladora age na disposição da matéria e que é independente dela. Os pitagóricos, na Itália meridional, afirmavam que o espírito é material e que as almas são espírito decaídos e aprisionados em corpos materiais.

 

Parecem ter sido levados a essa crença na existência imaterial mediante a consideração das propriedades dos números, verdades permanentes pertencentes a um âmbito situado além do da matéria, e impossíveis de serem discernidos materialmente.

Para Sócrates (470?-399 a.C.), o objeto primeiro do pensamento é a explicação do próprio homem, e não a do universo. O tópico de investigação mais importante é a conduta do homem, isto é, a moral. A ação reta baseia-se no conhecimento, e o seu resultado são as quatro virtudes:

1ª A prudência,

2ª A coragem,

3ª O autocontrole e

4ª A justiça, as quais, sob a forma de “virtudes naturais”, viriam a  ocupar lugar proeminente na teologia cristã medieval. A identificação da virtude com o conhecimento, vale dizer, a doutrina de que o conhecer leva necessariamente ao agir, transformou-se num legado desastroso para todo o pensamento grego e veio a influenciar muito a reflexão cristã, particularmente o gnosticismo do século II .

Foi em Platão (427-347ªC.), discípulo de Sócrates, que o espírito grego chegou ao ápice de suas conquistas. Dele se pode dizer, com justeza, que foi um homem de piedade mística e de percepção espiritual muito profunda. Para Platão, as formas passageiras do mundo visível não fornecem conhecimento real.

O conhecimento do que é de fato permanente e real provém do  conhecimento das “idéias”, que são os arquétipos ou padrões universais e imutáveis existentes no mundo espiritual invisível. Este é o mundo “inteligível”, já é conhecido pela razão e não pelos sentidos.

As “idéias” dão aos fenômenos passageiros, presentes aos nossos sentidos, tudo o que de real eles possuem. A alma conheceu essas “idéias” numa existência anterior á presente. O que os fenômenos do mundo visível fazem é chamar á lembrança ou rememorar as “idéias” anteriores conhecidas.

A alma, cuja existência é anterior á do corpo, é forçosamente independente deste e não é afetada pelo fato da sua decadência. Esse conceito de imortalidade como atributo da alma, de que o corpo não participa, sempre influiu no pensamento grego e contrasta claramente com a doutrina  hebraica da ressurreição.

As “idéias” não tem todas o mesmo valor, as mais elevadas são as do verdadeiro, do belo e, especialmente, a do bem. Platão talvez não tenha chegado a percepção clara de um Deus pessoal, tal como corporificada na “idéia” do bem, mas não há negar que se aproximou dela.

O bem, e não o acaso governa o mundo, é a fonte dos bens menores e deseja ser imitado nas ações dos homens. O reino das “idéias” á verdadeira morada da alma, e é em comunhão com elas que esta atinge a sua prefeita satisfação. A salvação consiste na reconquista da visão da bondade e da beleza externa.

Aristóteles (384-322 ª. C.) era um espírito muito menos místico do que Platão. Para ele o mundo visível era uma realidade insofismável. Rejeitou a distinção radical entre “idéia” e fenômeno, feita por Platão. Aquela não pode existir sem este.

Exceto no caso de Deus, que é totalmente imaterial, cada existência é uma substância, resultado da impressão da “idéia”,  enquanto força formativa, sobre a matéria, que é o conteúdo. Em si mesma a matéria não passa de substância potencial. Sempre existiu, embora nunca sem forma.

O mundo, portanto, é eterno, já que não existe um reino de “idéias” anterior á manifestação destas em fenômenos. O mundo é o objeto do conhecimento. Aristóteles é, de fato, um cientista.

As mudanças do mundo exigem o impulso de um “primeiro motor” que, por sua vez, é imóvel. Aí está a base do célebre argumento aristotélico da existência de Deus. Mas o “primeiro motor” age com propósito inteligente.

Deus é, por conseguinte, não só o começo, mas o fim do processo de desenvolvimento do mundo. O homem pertence ao mundo das substâncias.

Ele é composto, porém, não só de corpo e “alma” sensível, característicos do animal, mas também duma fagulha divina, um LOGOS, que o homem tem em comum com Deus e que é eterno, embora essencialmente impessoal, ao contrário da concepção platônica de espírito. No que tange á moral, Aristóteles afirmava que o alvo é a felicidade ou o bem-estar, atingindo mediante a preservação cuidadosa da via médica ideal.

Não foi grande o avanço da filosofia grega, do ponto de vista científico, depois de Platão e Aristóteles. No entanto, a influência direta destes dois pensadores era pequena ao tempo de Cristo.

Duzentos e cinqüenta anos após o seu nascimento, surgira uma forma modificada de platonismo - o neoplatonismo - de grande importância, que afetou profundamente a teologia cristã, notadamente a de Agostinhho. Aristóteles viria a influenciar poderosamente a teologia escolástica do fim da Idade  Média.

Esses antigos filósofos gregos tinham considerado o homem especialmente á luz do seu valor para o estado. As conquistas de Alexandre,  que morreu em 323 ª C., trouxeram grande mudança na perspectiva do homem daquele tempo. A cultura helênica estendeu-se ao mundo oriental, mas os pequenos estados gregos deixaram de ter impressão com entidades políticas independentes.

Tornou-se difícil manter, em relação ás novas e vastas unidades políticas, a mesma devoção que, por exemplo, a Atenas independente tinha evocado nos seus cidadãos. A ênfase deslocava-se para o indivíduo como entidade independente.

E era em termos de vida individual que a filosofia tinha agora de ser interpretada. De que maneira poderia o indivíduo tirar o máximo proveito da sua vida? A essa pergunta crucial para a época ofereciam-se duas respostas:

1ª - Era totalmente contrária á índole do cristianismo e, portanto, impossível de ser usada por este.

2ª - Tinha certas afinidades com ele, e, por conseguinte, estava destinada a exercer grande influência sobre a teologia cristã. (estamos nos referindo ao epicurismo e ao estoicismo.)  Atos 17

Epicuro (342-270), que passou a maior parte de sua vida em Atenas, ensinava que a satisfação mental é o alva mais alto do homem,  que esse estado é mais perfeito quando é passivo. Consiste ele na ausência de tudo quanto perturba e importuna.

Vê-se desde já por que Epicuro não merece as censuras freqüente assacadas ao seu sistema. Na realidade, sua vida demonstra que ele foi um asceta.

Os piores inimigos da felicidade mental, dizia ele, são os temores injustificados, dos quais o principal é o horror á ira dos deuses e á morte. Ambos são temores infundados. Os deuses existem, mas não criam nem governam o mundo.

Como Demócrito (470? 380? ª. C.), Epicuro afirmava que o mundo tinha sido formado pelo acaso, e pela combinação sempre nova de átomos eternamente existentes. Tudo é material, inclusive a alma do homem e os próprios deuses.

A morte é o fim de tudo. Isso não significa que seja um mal, pois não subsiste pela consciência de cisa alguma. Enquanto religião, portanto, o epicurismo consistia numa forma de indiferentismo. Essa escola espalhou-se rapidamente.

Na sua brilhante De Erum Natura, o poeta romano Lucrério (98?-55? ª. C.) exprimiu o aspecto mais nobre do epicurismo, mas a influência do sistema como um todo foi de caráter destrutivo, e levava a um conceito sensual de felicidade.

Contemporâneo de Epicurio, Euêmero (cerca de 300 a.C.) ensinava que os deuses das velhas religiões não passavam de homens deificados, cuja aura de divindade provinha de mitos e tradições a seu respeito. O poeta Ênio (239?-170? a.C.) repetia e pregava as mesmas idéias em Roma.

Paralelamente ao epicurismo, surgiram idéias cépticas, representadas pelo ensino de Pirro de Eléia (360?-270?) e seus seguidores. Afirmavam eles que a natureza real das coisas nunca pode ser compreendida.

Mais que isso, a escolha de uma linha de ação é sempre dúbia. Na prática, Pirro, com Epicuro, pregava o afastar-se de tudo o que importuna e perturba, como ideal de vida.

O cristianismo pouco teria das idéias de Euêmero, nos seus ataques á mitologia pagã e os Pais lançassem mão de argumentos herdados do cepticismo, com o fito de fazer valer sua afirmação de que a razão humana é severamente limitada.

Outra grande resposta era a do estoicismo, o exemplo mais nobre do pensamento ético pagão antigo. Entre o cristianismo e o estoicismo havia, em algumas facetas, grandes pontos de aproximação; em outras, grade distância. Seus líderes eram: Zenão (?-264? a.C.), Cleantes (?-301?-232 ? a.C.) e Crisipo (280 ?- a.C.).

Embora  originário de Atenas, desenvolveu-se com mais intensidade fora da Grécia, especialmente em Roma, onde Sêneca (3 ? ªC.-65 d.C.), Epicteto (60 d.C.-7) e o Imperador Marco Aurélio (121-180 d.C.) tiveram grande influência.

O estoicismo era muito atuante em Tarso durante os primeiros anos da vida do apóstolo Paulo, sendo, antes de mais nada, um grande sistema ético, embora alguns o considerassem religião. Sua idéia do universo era curiosamente materialista.

Tudo o que é real é físico, embora haja grande diferença na espessura dos corpos, sendo os mais grosseiros penetrados pelos mais finos. Fino e grosseiros correspondem, em linhas gerais, ás distinções comuns entre espírito e matéria.

O estoicismo estava próximo da idéia de Heráclito, se bem que a tivesse modificado bastante. A fonte de tudo, a influência modeladora e harmonizadora  do universo, é o calor vital, a partir do qual tudo se desenvolveu mediante gruas de tensão.

Ele penetra todas as coisas e para ele tudo retorna. Muito mais que o fogo de Heráclito, a que se assemelha, ele é a alma universal inteligente, autoconsciente, a razão disseminada por toda as coisas, o Logos, do qual a razão humana e parte. É Deus, vida e sabedoria de tudo.

Ele está verdadeiramente dentro de nós. E nós, então, podemos  “seguir o Deus que está dentro de nós”. Por isso, é possível dizer, como Cleantes dizia de Zeus: “Também nós somos geração tua”. Os deuses populares são meros nomes aplicados ás forças que emanam de Deus.

LOGOS:

1º-Na filosofia de Platão, a razão como manifestação ou emanação do ser supremo.

2º-Na filosofia de Heráclito e dos estóicos, o princípio racional que governa e desenvolve o universo.

3º-Na teologia cristã, o verbo de Deus, Cristo, Segunda pessoa da Trindade.

Se em todo o mundo há uma sabedoria, segue-se que há uma lei natural, uma regra de conduta par todos os homens. Todos são moralmente livres.

Todos os homens são irmãos, já que provêm todos do mesmo Deus. As diferenças em situação de vida são meros acidentes. O supremo dever é seguir os ditames da razão na situação em que cada um se encontra, e isso é igualmente digno de louvor, quer seja o indivíduo imperador quer seja escravo.

 

A obediência á razão o Logos, é o objeto único dos esforços humanos. A felicidade não é o alvo a ser perseguido, embora o cumprimento do dever tenha como subproduto a felicidade.

Os principais inimigos da obediência perfeita são as emoções e a sensualidade, que pervertem a capacidade de julgamento.

Delas deve o homem afastar-se. Deus inspira todas as boas ações, embora a noção de Deus seja essencialmente panteísta. (PANTEÍSMO: Sistema filosófico que identifica Deus com o mundo, como PANENTEÍSMO. Adoração da natureza, vendo Deus em tudo quanto existe).

A teologia cristã viria a sofrer profundamente a influência da estrênua atitude ascética do estoicismo, da sua doutrina da sabedoria divina que tudo impregna e governa, o Logos, da insistência em que todos os que agem retamente são igualmente merecedores, seja qual for sua posição, e da afirmação da irmandade essencial de todos os homens.

Nos seus representantes mais notáveis, o credo estóico e seus resultados atingiram estatura nobre. No geral, porém, era uma doutrina dura, estreita e pouco simpática, reservada a uma pequena elite. O próprio estoicismo reconhecia que poucos poderiam atingir o padrão de excelência por ele pregado.

Daí o tom de orgulho presente em muitos dos seus representantes, muito mais flagrante quando se comprara com o espírito de humildade presente no cristianismo. No entanto, o estoicismo mesmo assim teve efeitos notáveis. Deu a Roma excelente imperadores e funcionários do estado.

Nunca chegou a tornar-se um credo realmente popular, mas era seguido por pessoas de influência e posição elevada no mundo romano, e modificou para melhor a lei romana, introduzindo na jurisprudência o conceito de lei natural, expressa na razão e superior a quaisquer estatutos humanos arbitrários.

Seu ensino de que todos os homens são, por natureza, iguais amenizou gradualmente as facetas mais perversas da escravatura, propiciando a muitos conquistarem a cidadania romana.

Durante o período em que surgiu o cristianismo, os antigos sistemas filosóficos sofreram mudanças notáveis.. A tendência ao sincretismo era largamente difundida e as várias escolas influenciavam-se mutuamente.

Por exemplo, a ética rigorosa original dos estóicos foi modificada pela idéia do termo médio aristotélico. O célebre filósofo estóico Possidônio (135-551 a.C.) mostra influência platônica. Foi, aliás, um dos espíritos mais universais da Antigüidade.

Á preocupação racional e mística  somou a de historiador e geógrafo. É evidente em Plutarco  o caráter eclético do platonismo médio. Nele misturam-se temas estóicos, aristotélicos e pitagóricos. O caráter sincrético do pensamento helênico torna-se evidente em muitos dos Pais da Igreja.

Apesar da disseminação do epicurismo e do estoicismo, pode-se dizer que, ao tempo de Cristo, a tendência principal do pensamento mais refinado em Roma e nas províncias encaminhava-se em direção ao monoteísmo panteísta, ao conceito de Deus como bom __ contrastando com o caráter amoral das antiga s divindades gregas e romanas __ á crença numa providência divina soberana, á idéia de que a verdadeira religião não consiste em cerimônias mas em imitação das qualidades morais de Deus e a uma atitude mais humana para com as criaturas.

Faltavam á filosofia de então dois elementos que o cristianismo viria realçar, a saber, a certeza que só pode advir da crença numa revelação divina, e a idéia de lealdade a uma pessoa.

O povo em geral, no entanto, desfrutava de poucos dos benefícios advindos do pensamento filosófico. Campeava no seu meio a superstição mais crua.

Se é verdade que o predomínio das velhas religiões da Grécia e de Roma diminuíra, não menos verdade é que o povo comum permanecia na crença em deuses muitos e senhores vários.

Cada cidade, cada profissão, a agricultura, a primavera, o lar, os eventos principais da existência, o casamento, o nascimento __ tudo tinha o seu patrono na pessoa de um deus ou deusa. Essas noções viriam mais tarde a aparecer na história cristã sob a forma de veneração de santos.

Adivinhos  e mágicos, especialmente os de raça judaica, faziam comércio próspero entre os ignorantes.

Acima de tudo, o povo em geral estava convicto de que a preservação do culto religioso histórico dos deuses antigos era necessário á segurança e perpetuação do estado.

Se esse culto não fosse praticado, os deuses exerceriam vingança por meio de calamidades. Foi essa opção que deu causa a muitas das perseguições movidas contra o cristianismo.

Essas idéias populares não encontravam oposição da parte dos mais cultos, os quais, em geral, admitiam que as velhas religiões tinham valor policial, e consideravam as cerimônias do estado como uma necessidade do homem comum.

Sêneca expressou sem rodeios a opinião dos filósofos, ao declarar que “o homem sábio observa todos os costumes da religião tais como ordenados pela lei, e não como agradáveis aos deuses”.

Era ás massas que apelavam os pregadores cínicos desse período. A corrupção moral do império favoreceu o reavivamento desse antigo credo de independência e auto-suficiência. Seu campeão fora Diógenes de Sinope (400?-325 a. C.)

Embora muitos desses pregadores itinerantes fossem grosseiros e mesmo obsceno, havia os que eram dignos de honra, como Dio Crisóstomo (40. d. C. 112?), que discursava contra o vício e a sensualidade, propunha a vida do campo como muito superior á do citadino a bastado, e proclamava uma mensagem de harmonia mundial e verdadeira piedade, fundamentada na idéia universal e inata de Deus.

É possível perceber alguma influência da vida ascética e itinerante do cínico sobre o desenvolvimento do  monarquismo cristão.

Por razões patrióticas, os imperadores mais atilados procuram fortalecer as religiões populares antigas e transformá-las em adoração do estado e do seu chefe. Na verdade, foi nos dias da república que começou a deificação patriótica do estado romana.

Já em 195 a.C. encontra-se em Esmirna o culto da “Dea Roma”. Essa reverência era favorecida pela popularidade do império nas províncias, já que ele assegurara um governo melhor do que o da república.

Em 29 a.C. Pérgamo já dispunha de um templo dedicado a Roma e a Augusto. Espalhou-se rapidamente esse culto dedicado ao governante como corporificação do estado ou, melhor dizendo, ao seu “gênio” ou espírito que nele habitava.

Criou-se logo um sistema sacerdotal patrocinado pelo estado, dividido e organizado em províncias, encarregado da celebração não só do culto como também dos jogos anuais, em larga escala.

Foi essa provavelmente a organização de caráter religioso mais desenvolvida ao tempo do primeiro império. Ainda está por ser verificado com exatidão o grau de influência que exerceu sobra as instituições cristãs.

Do ponto de vista do homem moderno, havia nesse sistema muito mais patriotismo do que religião. Mas a sensibilidade cristã primitiva considerava a adoração do imperador absolutamente irreconciliável com a fidelidade a Cristo.

A descrição da igreja de Pérgamo (Ap.2:13) é exemplo típico dessa opinião. Para os romanos, a recusa dos cristãos em render culto ao imperador parecia pura e simples traição, razão porque se iniciou a grande era dos mártires.

A necessidade que o homem tem de religião é muito mais profunda do que a de filosofias ou cerimônias. Só o homem excepcional se satisfaz com uma filosófica.

As cerimônias atraem maior número, mas não bastam aos que exercem com mais zelo a capacidade de raciocínio, nem aos dotados se um sentimento agudo de indignidade pessoal.

Surgiram tentativas de reavivar o paganismo popular mais antigo, já moribundo. Muitos dos primeiros imperadores mostraram-se grandes construtores e protetores de templos.

O exemplo mais típico e notável de tentativa de reavivamento e purificação da religião popular é o de Plutarco (46? d.C.- 120?), de Queronéia, na Grécia.

Criticando a mitologia antiga, Plutarco rejeitava tudo o que subentendesse a prática de atos cruéis ou moralmente indignos por parte dos deuses.

Há um só Deus, afirmava ele. Os deuses populares são personificações de atributos  seus, ou espíritos subordinados. Cria também em oráculos, providências especiais e retribuição futura, e pregava uma vigorosa moralidade.

Seus esforços no sentido de reavivar o que de melhor havia no antigo paganismo estavam, porém, destinados ao fracasso e conquistaram poucos seguidores.

A grande maiores dos que sentiam necessidades de ordem religiosa simplesmente adotavam as religiões orientais, notadamente aquelas em que predominava a preocupação com a redenção, em que o misticismo e o sacramentalismo eram traço marcante.

Isso era grandemente favorecido pelo vasto fluxo de escravos orientais para a área ocidental do mundo romano no fim da república.

A disseminação dessas crenças independentes do cristianismo __ e, até certo ponto, rivais deste  __ durante os três primeiros séculos de nossa era, contribuiu para o aprofundamento do sentimento religioso em todo o império e, nesse sentido, facilitou o triunfo do cristianismo.

Uma dessas religiões foi o judaísmo, a que teremos oportunidade de fazer referência mais pormenorizadamente em outro local.

Apesar do pouco elemento de mistério que apresentava, o judaísmo conquistou popularidade considerável.

A mente popular voltava sua preferência para outros cultos do Oriente com ênfase maior no misterioso ou, antes, mais peso no elemento sacramental e redentor.

A importância desses cultos no desenvolvimento religioso do mundo romano tem sido muito realçada ultimamente. Os mais populares dentre eles eram:

Grande Mãe (Cibele).

Átis, originários da Ásia Menor. 

Ìsis e Serápis, do Egito. 

Mitras, da Pérsia.

Ao mesmo tempo, observava-se grande sincretismo entre essas religiões, cada uma apossando-se de elementos de outra e das religiões mais antigas nas suas zonas de origem. O culto da Grande Mãe aportou a Roma em 204 a.C.

Era em essência uma religião rudimentar de adoração da natureza, acompanhada de ritos licenciosos.

Foi o primeiro a fixar-se no Oriente em larga escala. O de Ísis e Serápia, com sua ênfase na regeneração e na vida futura, estabeleceu-se em Roma mais ou menos em 80 a.C., mas defrontou-se com oposição governamental por muito tempo.

O de Mitras o mais elevado de todos, apesar de sua longa história no Oriente, não chegou a tornar-se importante em Roma senão após o ano 100 d.C. aproximadamente. Seu período áureo de crescimento foi na última parte do século II e no século III.

Era preferido especialmente pelos soltados. Nos últimos anos __ ao menos do seu progresso no Império Romano __ Mitras foi identificado como o Sol, o Sol Invictus dos imperadores imediatamente anteriores a Constantino. Como outras religiões de origem persa, tinha uma visão dualista do universo.

Todas essas religiões pregavam um deus-redentor e originavam-se do culto á natureza. Sua mitologia variava, mas em geral falava de um deus que morria e ressuscitava, e celebrava o ciclo natural do nascimento e da morte, aplicando-se ao renascimento da alma, de modo a vencer a morte.

Outra constante nessas religiões era a afirmação de que os iniciados participavam, de modo simbólico (sacramental), das experiências da natureza divina, geralmente por meio de uma refeição de que o próprio deus simbolicamente partilhava, tornado-se também partícipe da sua imortalidade.

Todas essas religiões tinham ritos secretos reservados aos iniciados e a tos de purificação mística (sacramental) dos pecados. Nas religiões de Ìsis e Serápis essa purificação se dava por meio do banhar-se em águas sagradas.

Nas da Grande Mãe e de Mitras, por meio do sangue de um touro - o tourobolium - no qual os iniciados “renasciam pra sempre”, segundo rezam algumas inscrições. Todas elas prometiam vida futura feliz para os fiéis.

Em sua atitude  para com o mundo, eram todas mais ou menos ascéticas. Algumas, como, por exemplo, o mitraísmo, pregava a imortalidade e igualmente essencial de todos os discípulos.

Não parece haver dúvida de que o desenvolvimento da primitiva doutrina cristã dos sacramentos foi afetado, se não diretamente por essas religiões, ao menos pelo ambiente religioso que elas ajudaram a criar e com o qual muito bem se coadunavam.

Resumindo a situação do mundo pagão na época do nascimento de Cristo, pode-se dizer que eram evidentes certas necessidades religiosas, mesmo em meio a grande confusão e expressas em formas as mais variadas. Para fazer face ás exigências da época:

1-    Uma religião teria de pregar um Deus único e justo, embora deixasse lugar pra inúmeros espíritos, bons e maus.

2-    Teria de possuir uma revelação definida da vontade de Deus, isto é, de uma escritura dotada de autoridade, como era o caso no judaísmo.

3-    Teria de inculcar nos seus seguidores a virtude da negação do mundo, baseada em ações morais agradáveis á vontade e á natureza do seu Deus.

4-    Teria de apontar uma vida futura plena de recompensas e castigos.

5-    Deveria dispor de ritos simbólicos de iniciação e prometer efetivo perdão de pecados.

6-    Teria de possuir um deus-redentor com o qual os homens pudessem unir-se mediante atos sacramentais.

7-    Deveria pregar a irmandade de todos os homens, ou, ao menos, de todos os seus seguidores.

Por mais simples que fosse o seu começo, o cristianismo tinha de possuir tais características, ou delas apropriar-se, a fim de conquistar o Império Romano, ou tornar-se uma religião universal. Em sentido muito mais amplo do que se pensava, o cristianismo surgiu “na plenitude dos tempos”.

Para os que crêem na providência poderosa de Deus, é evidente a importância fundamental nessa grande preparação, por mais que se reconheça o fato de que algumas das características do cristianismo primitivo levam o timbre e as limitações da época e têm de ser joeiradas, para que nele se percebam os elementos eternos.

ANTECEDENTES JUDAICOS

O desenvolvimento do judaísmo nos seis séculos anteriores ao nascimento de Cristo foi determinado pelos eventos concretos da história. Desde a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor, em 586 a.C., a Judéia estava sob controle político estrangeiro.

Coubera-lhe a mesma sorte do antigo Império Assírio e de seus sucessores, o Império Persa e o de Alexandre. Após a dissolução deste último, caiu sob o domínio dos Ptolomeus do Egito e então a dinastia selêucida de Antioquia.

Apesar dessa dependência política, as instituições religiosas estavam praticamente intactas depois da restauração efetuada quando da conquista de Babilônia pelos persas.

As famílias sacerdotais hereditárias,constituíram a verdadeira aristocracia da terra. Caracterizavam-se, nos seus escalões mais altos, por interesses políticos e indiferença religiosa.

O cargo de sumo-sacerdote passou a ser cobiçado, por causa de sua influência econômica e política.

Com segurança, a partir do período grego, esse cargo estava vinculado um colégio de conselheiros e intérpretes das leis, o Sinédrio, que veio a ser constituído de 71 membros.

Assim administrando, o templo e o seu sacerdócio vieram a representar o aspecto mais formal da vida religiosa dos hebreus.

De outra parte, a convicção de que a nação era um povo santo, que vivia sob o domínio da lei santa de Iavé, bem como a idéia de separatismo religioso e relativa cessação da profecia, levaram-na ao estado da lei, interpretada por um conjunto sempre crescente de tradições.

Tal como acontece nos países muçulmanos de hoje, a lei judaica era não só preceito religioso, mas também estatuto civil.

Seus intérpretes, os escribas, tornavam-se cada vez mais claramente os líderes religiosos efetivos do povo. O judaísmo tornou-se, por fim, religião de uma escritura sagrada com sua coleção de precedentes interpretativos.

Onde que o judaísmo estivesse presente, passou a existir a sinagoga, como instrumento para favorecer a compreensão mais plena e administração da lei, e como lugar de oração e culto. A origem da sinagoga é incerta. Remonta, provavelmente, ao exílio.

Sua forma típica era a de uma congregação local que incluía todos os judeus de uma certa região, sob a presidência de um grupo de “anciãos” que tinham, muitas vezes, um “príncipe” por chefe. Esse grupo tinha poder para excomungar e punir os culpados.

Os ofícios eram simples e podiam ser dirigidos por qualquer hebreu, embora os preparativos estivessem o cargo do “príncipe da sinagoga”. Constava de oração, leitura da lei e dos profetas, tradução do trecho lido e, ás vezes, exposição ou sermão, e bênção.

Quanto mais próximos nos colocamos da época do nascimento de Jesus, tanto mais evidente se torna o fato de que o templo, embora ainda em alta estima, se torna cada vez menos importante na vida religiosa do povo, em virtude do caráter pouco representativo do sacerdócio, e também da importância crescente da sinagoga.

Sua destruição total, no ano 70 d.C., não chegou sequer a perturbar nenhum dos elementos essenciais do judaísmo.

Sob o domínio dos reis selêucidas, a Judéia foi invadida por influências helenizantes, que dividiram os que reivindicavam o cargo de sumo-sacerdote.

O apoio decidido ao helenismo, dado por Antíoco IV, Epifânio  (175 a.C.) e a campanha por ele movida contra o culto e os costumes judaicos suscitaram a grande rebelião dos Macabeus, em 167 a.C., sendo também a causa remota de um período de independência judaica, que durou até a conquista pelos romanos, em 63 a.C.

As lutas em torno da tendência helenizante produziram uma profunda cisão na vida dos judeus. Os governantes Macabeus apossaram-se do cargo de sumo-sacerdote.

Contudo, embora tivessem galgado posições de liderança  graças ao seu zelo religioso, os Macabeus pouco a pouco descambaram para o helenismo, e deixaram –se dominar por ambições puramente políticas.

Com João Hircano o Macabeu que governou de 135 a 105 a.C., tornaram-se claras as distinções entre os partidos religiosos do judaísmo posterior. 

O partido aristocrático-político, ao qual se aliaram Hircano e as principais famílias sacerdotais, tornou-se conhecido como o partido dos saduceus (palavra sobre cujo sentido e origem pouco se sabe).

Era em essência, um partido mundano e desprovido de  condições religiosas marcantes. Muitas das idéias apregoadas pelos saduceus eram representativas do judaísmo mais antigo.

Por exemplo: guardavam a lei sem a interpretação tradicional e negavam a ressurreição e a imortalidade da pessoa.

Rejeitavam, de outro lado, a velho idéia de espíritos bons e maus. Embora de grande influência política, não gozavam de popularidade entre o povo comum, o qual se opunha a toda e qualquer influência estrangeira, e se colocavam ao lado da lei tal como interpretada pela tradição.

Os representantes mais radicais desta atitude democrático-legalista eram os fariseus (palavra que significa “separados ou santos”).

Embora o nome por que eram chamados tenha aparecido poucos antes do tempo de João Hircano, os fariseus apresentavam uma atitude que remontava a épocas muito anteriores. É no reino deste Macabeu que se inicia a luta histórica entre fariseus e saduceus.

No geral, os fariseus não constituíam um partido político embora dentre eles tenham surgido os zelotes (ou “homens de ação”). Nunca chegaram a ser numerosos, não obstante contassem com a admiração da maioria do povo.

O judeu comum não dispunha da instrução nas minúcias da lei, nem do tempo disponível necessários para tornar-se um fariseu. A atitude dos membros desse partido para com a massa do judaísmo era de desprezo (João 7:49).

Os fariseus representavam, contudo, idéias nutridas por muita gente, resultado, em muitos sentidos, do desenvolvimento religioso judaico desde os tempos do exílio.

Sua ênfase principal era na observância exata da lei tal como interpretada pelas tradições. Mantinham-se aferrados á crença na existência de espírito bons e maus, com a doutrina dos anjos e de Satanás grandemente influenciada, ao que parece, por idéia persas.

Representavam a crença na ressurreição do corpo e em recompensas e castigos futuros, crenças essa que se havia desenvolvido grandemente nos dois séculos imediatamente anteriores ao nascimento de Cristo.

Tal como o povo em geral, mantinham-se fiéis á esperança messiânica. Os fariseus eram, em muitos aspectos, merecedores de grande respeito. Alguns dos discípulos de Cristo provieram de círculos imbuídos dessas idéias.

O mais culto dos apóstolos tinha sido fariseu, e assim se declarava, mesmo muito depois de se Ter tornado cristão (Atos 23:6). O fervor demonstrado pelos fariseus era admirável. O farisaísmo, porém, tinha dois grande feitos:

1º- Equacionava a religião com a mera observância de uma lei externa, mediante a qual se conquistava uma recompensa. Isso podia levar facilmente ao esquecimento da retidão interior do espírito e da relação pessoal íntima com Deus.

2º- Alijava das promessas divinas aqueles para quem era impossível a observância do padrão farisaico, por causa de seus pecados, falhas e imperfeição na obediência á lei. Deserdava, portanto, as “ovelhas perdidas” da casa de Israel, e, com isso, tornou-se merecedor da justa condenação da parte de Cristo.                       

A esperança messiânica, nutrida tanto pelos fariseus como pelo povo em geral, era fruto da forte consciência nacional e da fé em Deus. Nos tempos de opressão nacional ela se tornava ainda mais vigorosa.

Tronara-se débil ao tempo do governo dos primeiros Macabeus, quando uma dinastia temente a Deus trouxera independência ao povo.

A tradição familiar, porém, foi abandonada pelos últimos Macabeus. Os romanos conquistaram o país em 63 a.C. Do ponto de vista estritamente judaico, a situação em nada melhorou quando um aventureiro, pelo sangue meio judeu, Herodes, filho do idumeu Antipáter, governou como rei vassalo do poder romano, entre 37 a.C. e 4 a.C. O povo considerava-o instrumento dócil nas mãos dos romanos e, no fundo, um helenizante, apesar dos inegáveis serviços que prestou á prosperidade material do país e da suntuosa reconstrução do templo por ele empreendida. Os herodianos eram odiados tanto por fariseus quanto por saduceus quanto por fariseus. Morto Herodes, seu reino foi dividido entre três dos seus filhos:

1º- Arquelau tornou-se “etnarca” da Judeia, Samaria e Iduméia (4 a.C.- 6 d.C.).

2º- Herodes Antipas, “tetrarca” da Galileia e Peréia (4 a.C.- 39 d.C.).

3º- Filipe, “tetrarca” da região situada a leste e nordeste do mar da Galiléia, predominantemente pagã.

Arquelau suscitou profundas inimizades, foi deposto pelo Imperador Augusto e sucedido por um procurador romano. O ocupante deste cargo entre 26 e 36 d.C. era Pôncio Pilatos.

Diante de condições políticas tão desalentadoramente adversas, parecia que só por intervenção divina a esperança messiânica poderia concretizar-se. 

No tempo de Jesus, tal esperança implicava a destruição da autoridade romana pela intervenção divina mediante um messias, e o estabelecimento de um reino de Deus, no qual florescia um judaísmo libertado e poderoso, sob o governo de um rei messiânico justo de descendência davídica, reino esse para o qual acorreriam todos os judeus dispersos pelo Império Romano.

Seria o início de uma idade áurea. Para o judeu comum, era provável que isso significasse simplesmente a expulsão dos romanos, por intervenção divina, e a restauração do reino de Israel. Era crença comum, baseada em Malaquias 3:1, que a vinda do Messias seria anunciada por um precursor.

Essas esperanças eram fomentadas pela literatura apocalíptica, com seu pessimismo em relação ao presente e sua visão colorida da idade vindoura. Os escritos eram em geral atribuídos a antepassados notáveis.

É o caso, por exemplo, da profecia de Daniel, incluída no cânone do A .T., no livro de Enoque, da Assunção de Moisés, e tantos outros. Exemplo cristão desse tipo de literatura, embora prenhe de conceitos judaicos, é o livro do Apocalipse, incluído no N.T.

Tais obras incutiam uma atitude religiosa de abertura para o futuro e esperança, atitude essa que deve Ter servido para compensar o legalismo rígido da interpretação farisaica da lei.

Presentes na Palestina desse tempo encontravam-se ainda outras correntes de vida religiosa cuja penetração é impossível avaliar, mas cuja realidade é evidente. Distante dos crentes do judaísmo oficial, especialmente nas regiões agrícolas havia uma piedade mística muito concreta.

Era a piedade dos últimos Salmos e dos “pobres de espírito” do N.T. É bem provável que o Magnificat” e o ‘Benedictus” (Lc.1:46-55; 68-79), tenham sido expressões desse tipo de religiosidade, também consubstanciada nas assim chamadas Odes de Salomão.

Dessa piedade mais simples, em maior ou menor sentido místico, provinham apelos proféticos ao arrependimento, dentre os quais os de João Batista são os mais conhecidos.

A descoberta dos manuscritos do Mar Morto veio chamar a atenção para essa piedade e para a existência de uma facção do judaísmo distinta da dos saduceus e fariseus.

A biblioteca e as ruínas do mosteiro da comunidade de Qunran, na margem noroeste do Mar Morto, revelaram a localização de ima irmandade vinculada de certa forma aos essênios, a respeito de quem Fílon, Josefo e Plínio, o Velho, escreveram no primeiro século da nossa erra.

É bem provável que muitas outras comunidades semelhantes a essa tenham existido. Levavam uma vida semimonástica,  protestando contra o judaísmo oficial de Jerusalém.

Ás vezes, como no caso dos essêrnios, renunciavam ao casamento; outras, como Qunran, permitiam-no. Esses “puritanos” ou “contratantes”, como poderiam ser chamados, consideravam-se verdadeira congregação de Israel, o remanescente fiel.

Tinham a lei em alta conta e interpretavam-na a seu próprio modo. Diziam-se especialmente “iluminados”, razão por que se declaravam guardiães do sentido exato da lei, em meio ás perversões da época. Veneravam um certo “Mestre de Justiça” (cuja identificação histórica permanece ainda obscura) como o verdadeiro intérprete da lei.

Submetiam-se a purificações periódicas, observavam um rito anual de adesão e renovação da Aliança, e partilhavam de uma refeição sagrada de pão e vinho. Quando as regras da comunidade (preservadas no Manual de Disciplina) eram violadas, exerciam severo disciplinamento.

A piedade nobre, embora um tanto legalista da comunidade, é evidente nesse documento, e o aspecto mais místico está patente nos Salmos de Ação de Graças, documentos encontrados nas escavações.

A organização da comunidade compreendia vários postos:

1º “superintendente”,

2º “Sacerdotes de Sadoque”,

3º “os doze perfeitos” ou “anciãos”, “juizes” e outros. Resta acrescentar que aguardavam fervorosamente a redenção de Israel.

Criam que um novo Profeta, um novo Mestre, Sumo-Sacerdote e Rei (personagens missiânicos) se levantaria para reunira as hostes dispersas de Israel, derrotar seus inimigos e instaurar a era do Reino.

Tem sido muito debatida a hipótese da influência desses grupos sobre João Batista e sobre o cristianismo primitivo. Parece claro, contudo, que havia muitos pontos em comum e que, embora o N. T. omita qualquer referência a essa corrente sectária do judaísmo do primeiro século, o cristianismo muito deveu a ela.

Não é impossível que João Batista e alguns dos primeiros discípulos de Jesus tenham pertencido a uma vez a tais comunidades.

Devemos fazer referência a uma outra corrente de pensamento no judaísmo dessa época, especialmente em razão da influência que exerceu sobre o desenvolvimento da teologia cristã. Referimo-nos á corrente que dava ênfase á “sabedoria”.

Atribuía-se-lhe existência praticamente personificada, como subsistente ao lado de Deus, unida a Ele, por Ele “possuída” antes da fundação do mundo e agente seu na criação (Pr.3:19; 8; Sl.33:6). É possível divisar nessas idéias a influência da noção estóica do Logos divino que tudo penetra.

Há nelas uma conotação mais ética do que a que se nota no ensino grego correspondente. Vê-se, porém, que seria fácil uma assimilação entre as duas idéias.

É natural que, ao falar-se no judaísmo, de dê atenção em primeiro lugar á Palestina, seu lugar de origem e berço do cristianismo. No entanto, grande foi a importância da dispersão dos judeus fora da Palestina, não só para a vida religiosa do Império Romano como um todo, mas também para o efeito reflexo que o conseqüente contato com o pensamento helênico teve sobre o próprio judaísmo.

Essa dispersão começara com as conquistas dos monarcas assírios e babilônicos, e fora fomentada por muitos governantes, notadamente os Ptolomeus do Egito e os grandes romanos dos últimos dias da república e do começo do império.

Quaisquer dados estatísticos não passarão de conjeturas, mas é provável que, á época do nascimento de Jesus, o úmero de judeus fora da palestina fosse cinco ou seis vezes superior ao dos radicados dentro de suas fronteiras.

Constituíam parte ponderável da população de Alexandria. Haviam criado profundas raízes na Síria e na Ásia Menor. Embora em número relativamente pequeno, estavam presentes também em Roma.

Eram poucas as cidades do império em que não fizessem notar sua presença.

Olhados com suspeita pelas populações pagãs, dada a tendência a unir-se em grupos fechados, os judeus prosperavam no comércio, eram apreciados pelos governantes em virtude de suas boas qualidades, viam em geral respeitados seus escrúpulos religiosos e, por sua vez, davam mostras de um espírito missionário que fazia notada sua influência religiosa.

Tal como praticado em terras pagãs, o judaísmo da dispersão era um credo muito mais simples do que o farisaísmo palestinense. Pregava o Deus único, que tinha revelado sua vontade nas escrituras sagradas; uma moralidade vigorosa, uma vida futura com recompensas e castigos e uns poucos mandamentos, relativamente simples, referentes ao “Sabbath”, á circuncisão e ao usa de carnes. Por onde ia carregava consigo a sinagoga com seu culto simples e despido de ritualismo. Exercia grande atração para muitos pagãos.

Além dos prosélitos, as sinagogas reuniam ao seu redor um número muito maior de conversos parcialmente judaizados, os chamados “devotos”. Foi dentre os deste último grupo que a propaganda missionária cristã incipiente recrutou os seus primeiros ouvintes.

O judaísmo da dispersão, por sua vez, sofreu forte influência do helenismo, especialmente da filosofia grega. Essa influência em nenhum outro lugar foi mais profunda do que no Egito.

Foi na cidade egípcia de Alexandria que o A. T. foi traduzido para o grego - na versão comumente chamada de “SEPTUAGINTA” - já na época do reinado de Ptolomeu Filadelfo (285 a .C., - 246).

As escrituras judaicas, até então encerradas numa língua obscura, tornam-se assim, acessíveis a muitos.

Também em Alexandria, as concepções religiosas do A. T. associaram-se aos conceitos filosóficos gregos, especialmente os platônicos e estóicos, para formar um sincretismo admirável.

O mais importante desses intérpretes alexandrinos foi Fílon (20? a. C.-42? D C.). Para ele, o A. T. era o mais sábio dos livros, verdadeira revelação divina, e Moisés, o maior dos mestres. Mediante a interpretação alegórica, porém, Fílon vê harmonia entre o A. T. e os melhores elementos do platonismo e estoicismo.

Essa convicção teria tremenda importância para o desenvolvimento da teologia cristã. O método alegórico de interpretação da Bíblia viria a influir grandemente no futuro estudo cristão das Escrituras. Segundo Fílon, o Deus único fez o mundo como expressão de sua bondade para com sua criação.

Mas os eles de ligação entre Deus e o mundo são uma série de poderes divinos, considerados ora como atributos de Deus ora como seres pessoais.

Destes, o mais elevado é o Logos, que emana do próprio ser de Seus e é o agente, não só através do qual Deus criou o mundo mas, também, do qual emanam todos os outros poderes.

Mediante o Logos, Deus criou o homem ideal, de quem o homem concreto é uma pálida cópia, produto que é, não só o Logos, mas também dos poderes espirituais inferiores.

Apesar do seu estado decaído, o homem pode elevar-se á comunhão com Deus através do Logos, agente da revelação divina. O conceito que Fílon tem Logos, porém, é mais filosófico do que o de “sabedoria” tal como encontramos no livro de Provérbio, que , aliás, fazemos menção.

E a origem da doutrina neotestamentária do Logos se encontra na concepção hebraica de “Sabedoria”, e não no pensamento de Fílon.

Não obstante, Fílon é uma ótima ilustração da maneira em que se poderiam unir idéias helênicas e hebraicas, tal como veio depois acontecer na evolução da teologia cristã. Em parte algum do mundo romano o processo representado pelo trabalho de Fílon se desenvolveu com tanta plenitude quanto em Alexandria.

JESUS E OS DISCÍPULOS

O caminho para Jesus foi preparado por João Batista, considerado pelos primeiros cristãos o “precursor” do Messias. De vida ascética, pregou, na região do Jordão, que o dia do julgamento de Israel estava próximo, que o Messias estava prestes a chegar.

Desprezando todo formalismo religioso e qualquer dependência em relação á descendência de Abraão, proclamava a mensagem dos antigos profetas: “arrependei-vos, fazei justiça”. As instruções que dava aos vários tipos de ouvintes eram simples e radicalmente não-legalistas (Lc.3:2-14; Mt.3:1-12).

Batizava seus discípulos, como sinal da purificação dos seus pecados. (O ato do batismo talvez simbolizasse submissão ao rio de fogo que se aproximava, pelo qual Deus haveria de purificar e redimir o mundo).

Ensinava-lhes um tipo especial de oração. João Batista foi descrito por Jesus como o último dos profetas e um dos maiores entre eles.

Embora muitos dos seus seguidores se tivessem tornado discípulos de Jesus, alguns deles continuaram independentes, sendo encontrados por Paulo, muito mais tarde, no seu ministério em Éfeso (At.19:1-14).

Falta-nos material para compor uma biografia de Jesus comparável á que se poderia escrever de alguém que tenha vivido os tempos modernos.

Os fatos registrados nos Livros Biográficos são, antes de mais nada, testemunho do divino evento de Jesus, o Cristo, e seus pormenores foram sem dúvida coloridos pelas experiências e situações vividas pela Igreja primitiva.

Há profunda divisão entre os estudiosos no que concerne á exatidão de muitos incidentes narrados nos Biográficos. Nos seus traços essenciais, porém, o caráter e o ensino de Jesus tornaram-se visíveis nas páginas destes quatro livros.

Ele cresceu em Nazaré da Galiléia, na atmosfera simples de uma casa de carpinteiro. Embora olhada com desprezo pelos judeus mais puros  que habitavam a Judéia, por causa da considerável mistura de raças que nela havia, a Galiléia era fiel á religião e ás tradições hebraicas.

A população, vigorosa e altiva, estava imbuída de intensa esperança messiânica. Ali Jesus chegou á idade adulta, sem que tenhamos um registro das experiências por ele vividas na infância e mocidade. A julgar, porém, pelo seu ministério posterior, devem Ter sido anos de profunda penetração espiritual e de “graças diante de Deus e dos homens”.

A pregação de João Batista o afastou da vida calma que levava. Por ele foi batizado no Jordão. Junto com o batismo veio-lhe a convicção de que era designado por Deus para desempenhar papel específico no reino iminente a ser instaurado pelo Filho do Homem, personagem celestial que viria nas nuvens do céu.

Saber se Jesus se considerava efetivamente o Messias __ eis um problema muito debatido. Seja como for, a história da tentação dá a entender a rejeição da idéia de Messias colocada nos temos das expectativas judaicas populares e a recusa a servir-se de métodos políticos e egocêntricos.

O reino significa o governo por parte de Deus, iniciado por Ele mesmo, e não inaugurado pela subversão do governo romano. É o reino dos puros de coração que reconhecem sua pecaminosidade, arrependem-se e aceitam a exigência radical do amor e as reivindicações do seu Pai celestial.

Depois do seu batismo, Jesus imediatamente começou a pregar o reino e a curar os atribulados na Galiléia, granjeando desde logo grande número de seguidores dentre o povo. Reuniu ao redor de si um grupo pequeno de companheiros mais íntimos, os apóstolos, e um outro, maior, de discípulos menos chegados.

Não é possível dizer, ao certo, por quanto tempo se estendeu o seu ministério. É possível que sua duração tenha sido de um a três anos. A oposição a ele começou a fazer-se sentir tão logo se tornou evidente a natureza espiritual da sua mensagem e clara a sua hostilidade ao farisaísmo da época. Muitos dos seus primeiros seguidores se afastaram.

Dirigiu-se então para o norte, na direção de Tiro e Sidom,  e depois para a região da Cesaréia de Filipe, onde os Biográficos registram o reconhecimento da sua missão messiânica pelos discípulos.

Jesus julgava, porém, que devia pregar em Jerusalém, qualquer que fosse o risco que isso acarretasse. Munido de coragem heróica, para lá se dirigiu, defrontando-se com hostilidade crescente. E lá foi preso e crucificado, provavelmente no ano 29 e comprovadamente sob o governo de Pôncio Pilatos (26 d. C.-36).

Seus discípulos de dispersaram, para logo depois reunir-se outra vez, com redobrada coragem, na alegre convicção de que ele ainda vivia, tendo ressurgido dentre os mortos. Tal foi, em linhas muito gerais, a história da vida daquele que mais profundamente influenciou a história da vida daqueles que mais profundamente influenciou a história do mundo.

No ensino de Jesus, o reino de Deus subentende o reconhecimento da soberania e paternidade de Deus. Nós somos filhos seus, razão por que devemos amá-lo e ao nosso próximo (Mc.12:28-34). Próximo é todo aquele a quem podemos ajudar (Lc.10:25-37).

Não é o que fazemos agora. É preciso, portanto, que nos arrependamos, contristados pelo nosso pecado, e nos volvamos para Deus. Essa atitude de contrição e confiança (arrependimento e fé) é acompanhada do perdão de Deus (Lc.15:11-32).

O padrão ético do reino é o mais elevado que se possa conceber. “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”. (Mt.5:48) Implica em atitude absolutamente enérgica em relação ao que  eu, (Mc.9:43-50) e ilimitada disposição de perdoar em relação aos outros (Mt.18:21-22).

O perdoar aos outros é  condição necessária para que Deus nos perdoe (Mc.11:25,26). Há dois caminhos que podemos seguir na vida: um largo e fácil, o outro estreito e árduo, levando ou a um futuro abençoado, ou á destruição (Mt.7:13,14).

A atitude de Jesus, tal como a de sua época, era fortemente escatológica. Sentia ele que, embora começasse agora (Mc.4:1-32; Lc.17:21), o reino se manifestaria com poder muito maior no futuro próximo. O fim da presente época não parecia muito distante (Mt.10:23; 19:28; 24:34; Mc.13:30).

Não há dúvida de que muitos desses pronunciamentos e idéias encontram paralelo no pensamento religioso da época. Seu efeito global, porém, foi revolucionário. “Ele os ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas” (Mc.1:22).

Jesus podia dizer que o menor dos seus discípulos era maior do que João Batista (Mt.11:11) e que os céus e a terra passariam, mas não as suas palavras (Mc.13:31).

Chamava a si os cansados e oferecia-lhes alívio (Mt.11:28). Aos que o confessassem diante dos homens prometia que haveria de confessá-los diante de seu Pai (Mt.10:32).

Declarava que ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem quisesse revelar (Mt.11:27; Lc.10:30). Proclamava-se senhor do Sábado (Mc.2:23-28) __ e o Sábado era o que, no pensamento popular, havia de mais sagrado na lei dada por Deus ao povo judaico.

Afirmava que tinha autoridade para pronunciar o perdão de pecados (Mc.20:1-11). De outro lado, não era menor a clareza com que sentia sua própria humanidade e limitações. Ele orava e ensinava os discípulos a orar.

Declarava não saber o dia e a hora do fim do presente século, coisas que só o Pai conhecia (Mc.13:32). Não lhe competia resolver quem, quando de sua exaltação, havia de sentar-se á sua direita ou á sua esquerda (Mc.10:40). Orava para que se cumprisse, hão a sua, mas a vontade do Pai (Mc.14:36). E, na agonia da cruz, clamou: “Deus meu, por que me desamparaste:?” (Mc.15:34).

Está nesses pronunciamentos o mistério da sua pessoa. Sua humanidade é tão evidente quanto a sua divindade. A explicação de como isto é possível excede os limites de nossa experiência e, tem-se preocupado sempre com o problema e, não raro, dado ênfase praticamente a uma das facetas, em detrimento da outra.

Em lugar da religião de exterioridades, de obras meritórias e de cerimonias, Jesus apregoou a idéia de que a piedade consiste no amor a Deus e ao próximo __ a um Deus que é Pai e a um próximo que é irmão __ manifesto principalmente numa atitude do coração e da vida interior, tendo como fruto os atos externos.

A força propulsora dessa vida é a lealdade ao próprio Jesus como revelação do Pai, o tipo da humanidade redimida.

O que deu imensa significação ao que Jesus ensinava e era, foi a convicção dos seus discípulos de que a sua morte não era o fim, isto é, foi a fé na ressurreição.

O como dessa convicção constitui um dos problemas históricos mais enigmáticos. O fato de tal convicção é, não obstante, irrefutável.

Ao que parece, o primeiro de quem ela se apossou foi Pedro (1ªCo. 15:5), o qual, ao menos nesse sentido, foi o apóstolo que se constituiu em “pedra fundamental” da Igreja Visível. Ela era comum a todos os primeiros discípulos.

Foi o ponto decisivo na conversão de Paulo. Transmitiu coragem aos discípulos dispersos, reuniu-se de novo e fez deles testemunhas.

De agora em diante, eles tinham um senhor ressurreto, exaltado em glória, e, no entanto, sempre interessado neles. Com um realismo espiritual muito mais profundo do que o judaísmo jamais imaginara, o Messias da esperança judaica tinha de fato vivido, morrido novamente, par sua salvação.

Tais convicções tornaram-se ainda mais sólidas quando das experiências do dia de Pentecostes. Talvez seja impossível recuperar a natureza exata da manifestação pentecostal.

É certo que o conceito de que essa experiência significa uma proclamação do Evangelho em muitas línguas estrangeiras, não é consistente com o que se sabe do “falar em línguas” em outros lugares (1ª Co.14:2-19), nem tampouco com a crítica de que os discípulos estavam embriagados (At.2:13), relatada pelo por Lucas, critica  essa que Pedro se sentiu obrigado a refutar.

O importante é que nessas manifestações “espirituais” se manifestava a prova visível e audível do Dom e do poder de Cristo (At.2:33) na  era apostólica.

Para esses primeiros cristãos, tratava-se do triunfante estabelecimento de uma relação com o Senhor vivo. A confiança nessa relação condicionou muito do pensamento da Igreja Apostólica.

Se o discípulo __ cria-se __ reconhecesse visivelmente sua lealdade, mediante a fé, o arrependimento e o batismo, o Cristo exaltado, por sua vez, reconhecia o discípulo não menos manifestamente, concedendo-lhe o dom do Espírito.

O Pentecostes foi, de fato, um dia do Senhor. Embora não possa ser designado como o dia do nascimento da Igreja __ pois que esta começara com o relacionamento dos discípulos com Jesus __ significou um marco na proclamação do Evangelho, na convicção que os discípulos tinham da presença de Cristo e no aumento do número de adesões á nova fé.

AS COMUNIDADES CRISTÃS NA PALESTINA

A comunidade cristã de Jerusalém parece ter crescido rapidamente. Logo passou a incluir judeus que tinham vivido na dispersão, tanto quanto naturais da Galiléia e da Judéia, e mesmo alguns dos sacerdotes hebreus.

O nome de “Igreja” foi adotado pela comunidade cristã muito cedo. O vocábulo significava, provavelmente, na sua origem, pouco mais do que “reunião”, usado para marcar a diferença entre a congregação daqueles que aceitavam Jesus como Messias e os seus coetâneos judeus que não aceitavam.

O termo carregava, porém, conotações advindas do seu uso no A .T. Na Septuaginta, tinha sido empregado para significar o povo inteiro de Israel considerado como congregação divinamente convocada.

Era, assim, título apropriado para o verdadeiro Israel, o povo efetivo de Deus __ e como tal os primitivos cristãos de Jerusalém mantinham-se fiel no freqüentar o templo e na obediência a lei judaica.

Além disso, porém, tinha seus próprios ofícios especiais, com oração, exortação mútua e “o partir do pão”, diariamente, em casas particulares (At.2:46).

O “partir do pão” servia a um duplo objetivo: era vínculo de comunhão e meio de sustento para os necessitados. A espera da pronta volta do Senhor fazia do grupo de cristãos de Jerusalém uma congregação em expectativa.

Em seu seio, o sustento dos menos favorecidos era feito mediante as ofertas dos mais privilegiados, de sorte que “tinham tudo em comum” (At.2:44). Mas o “partir do pão” era muito mais do que isso: era uma continuação e um memorial da Última Ceia do Senhor com seus discípulos, antes de sua crucificação. Teve, por conseguinte, desde o princípio, significação sacramental.

A organização era muito simples. A liderança da congregação de Jerusalém era ocupada, a princípio, por Pedro e, em menor grau, João. Com estes, o grupo apostólico inteiro desfrutava de posição de destaque, embora se possa duvidar de que constituísse uma junta governante plenamente organizada, tal como afirmava a tradição no tempo em que o livro de Atos foi escrito.

Problemas suscitados pela distribuição de ajuda aos necessitados resultaram na nomeação de uma comissão de sete (At.6:1-6).

Embora essa  comissão seja considerada a origem do diaconato, é mais provável tenha sido o começo de um sistema de presbíteros para atender ás necessidades locais das igrejas. Seja como for, ouvem-se desde logo referências aos “presbíteros” (ou “anciãos”) nas igrejas fundadas por Paulo (At.14:23).

Pode-se quase afirmar que tal sistema de organização deve algo não só ao Zekenim do judaísmo __ conselho que governava cada comunidade local, interpretando a lei e administrando as obras do tipo da de Qumran.

O tipo de esperança messiânica de que estava impregnada a congregação de Jerusalém pareceria, á primeira vista, muito mais cru e muito menos espiritual do eu Jesus tinha ensinado (At.1:6).

Era devotadamente leal ao Cristo que haveria de voltar prontamente, o qual, porém, “é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as  coisas” (At.3:21).

A salvação, dizia-se então, é algo que se obtém mediante o arrependimento, que inclui contrição não só pelos pecados pessoais mas também pelo pecado nacional de rejeição de Jesus como Messias.

A esse arrependimento e reconhecimento de lealdade seguia-se o batismo em nome de Cristo, como sinal de purificação e penhor de uma nova relação, sendo selado com a aprovação divina mediante a concessão de dons espirituais (At.2:37,38). O fato de os cristã os pregarem Jesus como verdadeiro Messias e o medo da conseqüente desconsideração do ritual histórico levaram os judeus helenistas farisaicos ao ataque, de que resultou a morte do primeiro mártir cristão, Estevão, apedrejado pela multidão.

Conseqüência imediata foi uma dispersão parcial da congregação de Jerusalém. Foi assim que a semente do cristianismo começou a ser semeado pela Judéia, Samaria e mesmo em regiões mais remotas, como Cesaréia, Damasco, Antioquia e a Ilha de Chipre.

Dentre os primeiros apóstolos, o único que se sabe, ao certo, Ter desenvolvido considerável atividade missionária é Pedro, embora a tradição atribua a todos eles participação em tal trabalho.

É possível que João tenha colaborado nessa atividade, embora muito pouco se discuta hoje com respeito á história desse apóstolo.

A paz relativa desfrutada pela igreja de Jerusalém, logo após o martírio de Estevão, foi perturbada por uma perseguição muito mais severa instigada, em 44 d.C., por Herodes Agripa I, o qual desde 41 ate sua morte, em 44, foi rei-vassalo do antigo território de Herodes, o Grande.

Pedro foi preso, mas escapou da morte. O apóstolo Tiago foi decapitado. O pouco da verdade que se possa provar esteja implícita, na tradição de que os apóstolos deixaram Jerusalém doze anos após a crucificação, vincula-se á dispersão que se seguiu a essa perseguição.

Seja como for, parece que, desde então, Pedro só esteve em Jerusalém em poucas ocasiões. A liderança da Igreja naquele lugar passou a Tiago, o “irmão do Senhor”, que já antes ocupara lugar proeminente (Gl.1:19; 2:9; At.21:18).

Esse cargo, por ele ocupado até seu martírio, aproximadamente em 63, tem sido não raro chamado de “episcopado”. Não há dúvida de que correspondia, em muitos sentidos, ao episcopado monárquico das igrejas gentílicas.

Não obstante, não há provas de que o título de “bispo” tenha sido aplicado a Tiago durante sua vida. Se levar em conta as sucessões de líderes religiosos entre os povos semitas, especialmente a importância atribuída ao parentesco em o fundador, ver-se-á que o caso em tela assemelha-se mais a um califato rudimentar.

Tal interpretação se torna ainda mais provável, diante do fato de que o sucessor de Tiago no lugar de líder da igreja de Jerusalém foi Simeão, tido na conta de parente de Jesus, embora escolhido após a conquista da cidade por Tito, em 70.

Sob a liderança de Tiago, a Igreja em Jerusalém compreendia dois partidos, ambos acordes em que a antiga lei de Israel ainda se aplicava aos cristãos de raça judaica, mas diferindo no que concernia á aplicabilidade da lei aos cristãos conversos do paganismo.

Uma das alas afirmava que a lei se aplicava a todos. A outra, de que Tiago era representante, dispunha-se a  conceder aos cristãos gentios liberdade em relação á lei, embora não olhasse com bons olhos a mistura de judeus e gentios á mesa comum, tal como Pedro, ao menos durante certo tempo, estava inclinando a admitir (Gl.2:12-16).

A catástrofe que pós fim á rebelião judaica, no ano 70, foi fatal, no entanto, para toda s as comunidades cristãs da Palestina, embora a de Jerusalém, fugindo para Pela, tivesse evitado os perigos.

O cristianismo palestinense ficou reduzido a um frágil remanescente depois do aniquilamento, ainda maior, infligido por Adriano ás esperanças judaicas, na guerra de 132 a 135. Mesmo antes da primeira captura da cidade, era em outras localidades do império que se encontravam os focos de influência cristã mais pronunciada.

Mais do que por sua influência, através de liderança direta e permanente, sobre o desenvolvimento do cristianismo como um todo, a igreja de Jerusalém e as comunidades palestinenses a ela associadas foram importantes, por terem sido os mananciais  de onde começou a fluir o cristianismo e as preservadoras de tantas tradições a respeito da vida e das palavras de Jesus, que de outra forma  se perderiam.

PAULO E O CRISTIANISMO GENTÍLICO

A perseguição que deu causa ao martírio de Estevão, como dissemos, teve também  como conseqüência o fato de o cristianismo ter  sido levado para além das fronteiras da Palestina.

Missionários cujos nomes ficaram esquecidos pregavam Cristo aos seus irmãos de raça judaica. Em Antioquia um fato novo nessa pregação viria a acontecer.

Capital da Síria, Antioquia era cidade de grande importância, notavelmente cosmopolita, verdadeira encruzilhada em que se encontravam gregos, sírios e judeus.

Ali a nova fé foi pregada aos gregos. E o resultado de tal pregação constituiu no fato de o Evangelho começar a espalhar-se entre homens de cepa gentílica.

Começaram a ser apelidados de “Cristãos”, pelo populacho. Só por volta do século II é que os próprios seguidores de Jesus começaram a aplicar essa designação a si mesmos, embora ela já antes se tivesse tornado popular entre os pagãos.

Antioquia não ficou sendo o ponto final do esforço de expansão dos cristãos. No ano 51 ou 52, na própria cidade de Roma, a atenção do governo, dirigido por Cláudio, foi suscitada por alguns tumultos havidos entre os judeus da cidade, como conseqüência da pregação feita por missionários cristãos desconhecidos.

Neste primeiro período, porém, Antioquia foi o centro da expansão. A conversão de homens de antecedentes pagãos viria levantar inevitavelmente o problema da relação entre esses discípulos e a lei judaica.

Se impusesse aos gentios a observância da lei, o cristianismo não passaria de seita judaica. Isentassem-se os gentios dela, o cristianismo poderia tornar-se religião universal, mas a expensas, em muito, da simpatia judaica. Mas do que a qualquer outro, cabe ao apóstolo Paulo o mérito de Ter feito com que esse dilema fosse resolvido em favor da doutrina mais “liberal”.

Paulo, cujo nome hebraico - Saulo - lembra o herói da tribo de Benjamim, de que era membro, nasceu na cidade de Tarso, na Cilícia, de descendência farisaica. Seu pai, porém, tinha cidadania romana.

Tarso era cidade eminente do ponto de vista cultural e, ao tempo do nascimento do apóstolo, era um centro de ensino estóico. Educado num severo lar judaico, não há razão para crer que Paulo tivesse alguma vez recebido educação helênica formal.

Nunca chegou a ser um helenizante, do tipo de Fílon de Alexandria. Numa cidade como Tarso, no entanto, um jovem inteligente jamais poderia deixar de absorver muitas idéias helências e familiarizar-se, ao menos até certo ponto, com a atmosfera política e religiosa do mundo que se espraiava além dos limites do seu lar de judeu ortodoxo.

Foi, contudo, em contato com a tradição rabínica que ele se educou e, em idade agora desconhecida, como futuro escriba, foi estudar sob a orientação do famoso Gamaliel, o velho, em Jerusalém.

Nos é impossível averiguar até que ponto Paulo chegou a conhecer o ministério de Jesus por meios outros que não os de relatos de Segunda mão. Era extremado na sua devoção ao conceito farisaico de uma nação santificada mediante a observância minuciosa da lei judaica. Julgada por tal padrão, sua conduta era “sem dolo”.

Homem de profunda percepção espiritual, porém, mesmo enquanto fariseu veio a sentir profunda insatisfação interior com as conquistas  do seu próprio caráter.

A lei não era bastante para dar um sentido de retidão interior efetiva. Era esse o seu estado de espírito ao entrar em contato com o cristianismo.

Se Jesus não era verdadeiro Messias, era justo que tivesse sofrido, era justo que seus discípulos fossem perseguidos. Pudesse ele convencer-se de que Jesus era o escolhido de Deus, este passaria a ser para Paulo objeto de lealdade absoluta.

Por intervenção divina, estaria então ab-rogada a lei __ e fora por opor-se á interpretação farisaica dessa lei (a única  interpretação que Paulo aceitava), que Jesus morrera.

As datas referentes á vida de Paulo não passam de conjeturas. É possível que a grande transformação de sua vida tenha ocorrido por volta do ano 35.

Viajando par Damasco, em missão de perseguição, Paulo teve uma visão em que contemplou a Jesus exaltado, o qual o convocava para o seu serviço.

Não iremos além de suposições se tentarmos decifrar qual tenha sido a natureza dessa experiência. Mas, para Paulo, não havia dúvidas quanto á sua realidade e ao seu poder transformador.

Não só se convenceu, desde então, de que Jesus era tudo o que dele dizia o cristianismo, mas, também, passou a sentir tal devoção pessoal por seu Mestre, que implicava em nada menos do que uma união espiritual. Dizia ele:

“Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl.2:20). Fora-se o antigo legalismo, e com ele o conceito do valor da lei. Para Paulo, de ora em diante, as nova vida consistia em serviço consagrado ao Senhor exaltado, que era também o Cristo presente no seu íntimo.

Sentia-se preso de grande intimidade com o Cristo ressurreto. Deus, o homem, o pecado e o mundo eram agora banhados e nova luz. Seu maior desejo era fazer a vontade de Cristo.

Era seu tudo o que Cristo tinha conquistado. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passara; eis que se fizeram novas” (2ª Co.5:17).

Numa natureza ardente como a  de Paulo, tal transformação manifestava-se imediatamente em termos de ação.  Pouco se sabe do que sucedeu nos anos seguintes de sua vida.

Foi primeiro para a Arábia __ na nomenclatura da época, uma região não necessariamente muito ao sul de Damasco. Pregou naquela cidade. Três anos após sua conversão, visitou rapidamente Jerusalém, esteve com Pedro e com Tiago, o “irmão do Senhor”.

Durante anos trabalhou na Síria e na Cilícia, enfrentando perigos, sofrimentos e fraqueza física (Alguns incidentes são enumerados em 2ª Co 11 e 12). Não sabemos muito a respeito das circunstâncias em que se desenvolveu eu ministério.

Não poderia ter deixado de pregar aos gentios. E, com a crescente importância da congregação mista de Antioquia, era natural que fosse procurado por Barnabé, como alguém cuja opinião poderia ser útil para a resolução do problema pendente.

Barnabé, que tinha sido enviado de Jerusalém, trouxe-o de Tarso para Antioquia, provavelmente no ano 46 ou 47.antioquia havia-se tornado ponto focal importante da atividade cristã. Em obediência á ordem divina - segundo cria a congregação antioquiana - Paulo e Barnabé daí partiram em viagem missionária que os levou a Chipre, Perga, Antioquia da Pisídia, Icônia, Listra e Derbe. Foi essa a assim chamada primeira viagem missionária, descrita nos capítulos 13 e 14 do livro de Atos.

Ao que parece, esse foi o esforço evangelístico mais frutífero na história da Igreja. Como resultado, estabeleceu-se um grupo de congregações no Sul da Ásia Menor, ás quais Paulo mais tarde se dirigiria pelo nome de igrejas da Galácia.

Muitos estudiosos, porém, colocam as igrejas da Galácia em regiões mais ao norte e ao centro da Ásia Menor, que, segundo os documentos não foram visitados por Paulo.

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